
Entrevistados individualmente, os docentes responderam um questionário estruturado, e o resultado foi o seguinte: 53% têm no amor a profissão sua principal motivação. 63% trabalham no que gostam. 83% têm consciência da importância da profissão de professor. 80% já participaram de cursos de capacitação depois de formados. 63% relataram viver em nível significativos de estresse. 48% sentem falta de mais segurança contra a violência. 54% estão descontentes com os benefícios, 47% com os salários e 47% com a sobreposição de papeis (com relação a família do aluno). 21% estão satisfeitos com a profissão.
O que chamou a atenção na hora de listar os principais problemas do dia-a-dia dentro da sala de aula foi a não-participação dos pais no dia-a-dia da escola, a desmotivação dos alunos e a indisciplina dentro da classe dos alunos.
Por que a família é vista tão mal nesse contexto? Ao comparar a escola pública com a particular, os professores dão algumas pistas: 72% dizem que quem leciona na rede pública faz também o papel de assistente social, enquanto apenas 3% apontam que quem está na rede privada tem essa mesma função. O termo mais usado é sobreposição. Para 25% da amostra, “a escola está no lugar da família”. E outros 38% reforçam que, na escola pública, “o professor não ensina, mas ajuda o aluno a sobreviver”. Em outra resposta, 64% afirmam que o nível socioeconômico das crianças intervém no aprendizado (negativamente, no caso da pública, e positivamente no caso da particular).
“Durante décadas, o professor montou uma representação-padrão de estudante, projetando o desejo de que ele venha de casa educado, com os parentes providenciando todos os requisitos básicos para que eles convivam em sociedade e aprendam. “Esse quadro não existe” , diz Lino Macedo, pedagogo do Instituto de psicologia da USP. Da mesma forma, é fictícia a concepção de família ideal. Pai e mãe trabalham fora e nem sempre moram na mesma casa, e os dois fatores levam à diminuição do tempo dedicado às crianças e, com isso, dos momentos de “formação doméstica”.
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