
O biólogo Marcos César Félix Ferreira, mestre pelo Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidadede Brasília (UnB), enfrentou um grande desafio: percorrer 13 municípios de Minas Gerais até Alagoas e entrevistar 650 indivíduos que moram às margens do Rio São francisco. Seu objetivo era saber se a população ribeirinha tem conhecimento do que é a transposição e qual sua opinião a respeito do projeto.
No estado de Minas gerais, Félix Ferreira visitou as cidades de Pirapora, São Romão, Januária e Manga. Na Bahia, esteve em Bom Jesus da Lapa, Ibotirama, Barra, Juazeiro e Curaçá. Em Sergipe, foi a São Francisco e Poço Redondo. Esteve ainda em Petrolina (PE) e Penedo (AL).
O resultado do estudo mostrou que o nível de informação dos indivíduos muda à medida que se desce o rio em direção à foz, no estado de Alagoas e Sergipe. No médio Sâo francisco (que vai de Pirapora até Remanso) 40% dos entrevistados sabiam o que era a transposição. No submédio (de Remanso até Paulo Afonso), 53% conheciam o conceito e no baixo São Francisco (Alagoas e Sergipe), 68% mostraram ter informações sobre o tema.
"A medida que se desce o rio aumenta o número de indivíduos que tiram dele seu sustento a partir da pesca e da agricultura e, por isso, têm mais conhecimento do assunto" , explica Ferreira.
Os participantes da pesquisa também foram avaliados segundo a escolaridade e a ocupação. A conclusão foi de que quanto mais baixo o grau de instrução do entrevistado, menos ele sabe a respeito do conceito de transposição. Entre os analfabetos, 70% não tinham conhecimento, contra 26% entre aqueles com nível superior.
"Os resultados apontam para a necessidade de participação efetiva da sociedade civil no debate, sem excluir o maior interessado que é o ribeirinho", conclui Ferreira, que se opõe ao projeto da forma como foi proposto ao priorizar o abastecimento para irrigação de grandes áreas e não o consumo de água pelas populações envolvidas.
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