Em 22 de fevereiro de 2005, o caçador Leonardo de Carvalho Marques, 23 anos, matou com um tiro de escopeta o ambientalista Dionísio Júlio Ribeiro Filho, que militava em defesa da Reserva Biológica do Tinguá, unidade de conservação Federal com área em 5 municípios da Baixada Fluminense (RJ) - Nova Iguaçu, Japeri, Queimados, Miguel Pereira e Duque de Caxias. Seu Júlio, como era conhecido, foi um dos fundadores da Rebio Tinguá e a expectativa era que sua morte despertasse a atenção dos poderes públicos para os problemas que então se observava na Reserva, entre eles a fragilidade na segurança oferecida aos que lutam pelo respeito às leis ambientais - Seu Júlio foi morto pelas costas e o crime, na época ganhou projeção mundial.
Porém, três anos depois as preocupações continuam as mesmas. Palmiteiros, caçadores e ônibus excursionistas continuam sendo vistos constantemente na região. Poucos meses após a morte do ambientalista, foi extinta a Brigada de Incêndio que operava na Reserva, sob a alegação de que faltavam ao Ibama/RJ recursos financeiros para sua manutenção, os quais deveriam ser repassados pelo Ministério do Meio Ambiente. Uma audiência pública na Comissão de Meio Ambiente da Câmara Federal tentou debater os problemas da Rebio, porém, os discursos caíram no vazio. A Petrobras, à época do crime, acenou com a possibilidade de "adotar" a unidade de conservação mas a intenção não foi adiante, apesar de a reserva ser toda recortada por oleodutos da companhia. Hoje, nas principais entradas da Rebio Tinguá, nos bairros Rio D'ouro e Adrianópolis, guaritas reformadas, bem pintadas e com placas novas dão a impressão de haver fiscalização permanente na reserva, porém, um raly acontecia no local e os motociclistas passavam livremente pela porteira, no último fim de semana (foto).
No dia 14 de dezembro do ano passado, Leonardo Marques - assassino confesso de Dionísio - foi morto a tiros no interior de um ônibus da empresa Elmar, que faz a linha Tinguá-Nova Iguaçu. Ele havia sido julgado em 2006 e absolvido por falta de provas pelo Tribunal do Júri da Comarca de Nova Iguaçu, apesar do caçador ser réu confesso no crime do ambientalista. A Reserva Biológica do Tinguá foi criada para proteger uma amostra representativa da Floresta Atlântica em 23 de maio de 1989.
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